terça-feira, 20 de novembro de 2012

PRESIDIÁRIOS


"Dize sempre o que pensas e o vil te evitará" (William Blake)

Eles chegaram da Chin* a princípio. Conta-se que foram “perdoados” por lá. Conseguiram reconhecimentos mas foram expulsos...por conta do excessivo uso da língua. Agora como trabalhavam...eram american...
Batiam no peito para se declararem:
-American!
Não se sabe porque estariam e continuavam no Bré...
Dissemos assim que eles seriam reconhecidos como “Bré”...não gostaram...não aceitaram...era muito brega! Ficar num país desses, pobre!
Surtavam:
-Non! Bré! Non! American! American!
-Vou lhe dar um atestado como Bré...
E saíam correndo...
Antes voltassem de vez.
Não...continuavam por aqui...
Eu não iria junto...Não entenderam? Esperavam o quê?
NÃO SOU COLEGA DE VOCÊS!
Disse:
-Vou pra Fortaleza.
-Eu já mandei gente pra lá...já tem um monte...(informava o Velho...)
-Maintenant c’est Fortaleza...
-E por que o Sr. acha que tem que ir pra Fortaleza?
-Elle est là!
-Ela já foi! Já tá lá! (Velho)
-O quê?! (levantando-se...)
-Me largaram.
-Eu já vou...
-Pra onde?
-Pra For...
Não entendi. É isso? Os expulsos vão atrás? Melhor quebrar antes! Não vai ter jatinho atrás do pobre... e da “sapata”...e por que estão beijando?
Não entendi. É inclusão?
Não quero. Que nojo!
Foram expulsos do Bré., depois ganharam papéis na Chi*, depois são esperados entre os american...
-Ela não tem querer...ela tem que ir...
-Por quê?
-Elle ne vas pas?
-Por quê?
-Je pensais qu’elle était une “pri.”...je suis un “pri”...
-O Sr. matou?
-Je n’ai tué personne...mais je suis un “pri”...
-Elle était dans la liste?
-Oui, elle était dans la liste…
-Pour renoncer?
-Oui, nous sommes tous de renoncés! Il manque elle...
-Mas...o Sr. não vai acreditar...
-Nem todo mundo gosta...disso...
-Elle n’a pas de vouloir!
-Por quê? Não entendi.
-Je ne suis pas une prisonnière…je ne suis pas une renoncée…je ne suis pas une perimée
-Je viens de comprendre…tu fais partie de cette époque...
-Je viens de faire faillite!
-Ce n’est pas pour l’inclure?!
...
Na Segunda Guerra parecia que o mundo inteiro era presidiário...todos estavam ligados a alguma cadeia...comentaram. Parecia inconcebível que alguém não fosse presidiário...
-Todo mundo fazia parte de alguma prisão na Segunda Guerra...daí a gente achar que eles também fossem...vão sempre presos...
Provocar reflexão dentre os renunciados equivalia a sofrer crise de ataque de língua! Era um surto! Perdiam a cabeça ou se ajoelhavam fazendo sinais de seus cargos...
Queria o fim da perseguição, mas não evoluíamos nisso: as memórias eram apagadas (ataque)e tudo recomeçava...
- Cismaram mesmo com ela!
...
-Vocês me viram lá? Na Segunda Guerra?
-Eu fui lá passear...
...
O tratamento dado  a nós já estava se tornando perigoso. Eles se afirmavam como foragidos da Segunda Guerra...
Seqüestravam do banho; colocavam todos pelados, enfileirados, o pessoal não tinha querer, não conseguiam falar; passavam a mão sem pudor nenhum e aplicavam o óleo corrosivo, sebo do rato - fabricado por um tal Rato, um desses velhos...
Ou...
A pessoa era colocada numa fila só de mulheres e uma lésbica chegava  e ensaboava o seio da seqüestrada que ficava atônita...
Era um abuso!
Essas mentalidades recusavam mesmo que aquelas pessoas tivessem QUERER e que não fossem presidiárias!
-Tu rentres!

Nenhum comentário: