sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mal-assombrados em qualquer parte


"O cão não ladra por valentia e sim por medo" (Provérbio chinês)


Sempre foi do tipo que se muda porque não gosta de confusão. Era tudo pelo sossego; não sabia que era seguida e rastreada.

Mister S. conhecia seus passos e julgava ser isso uma profissão. Tinha que dar um apoio, uma assistência...pensou muito e resolveu...

Achou que ela devesse resolver questões cármicas. Ele é que não poderia, não era parente!

Largou lá uns ossos na sua casa. Descobriu aonde ela morava.

Morava em um sobrado. No inverno, os vidros zumbiam...para quem não estava acostumado era para assustar...mas não havia nada...era só um vento mesmo...gelado...

Batia uma sensação macabra de repente, queria sair correndo mas não podia: tinha contrato de locação. Já havia sofrido furto de toda mobília uma vez, mas conseguira caçar o meliante e tivera tudo devolvido! Jamais falara nada para que isso acontecesse...a casa era ótima para seus intentos!

Iria descobrir o que seria aquilo, limparia e só! Dormiria tranqüila, qualquer coisa iria para outro quarto...

Era um calafrio, de repente.

A limpeza era feita com alho. E era o que fazia. Às vezes mudava de cama, de colchão, bagunçava com os móveis...o fantasma iria desistir de ficar ali!

Até que entendeu, não, minto, só agora: fantasmas eram instalados, não importava aonde...

Fora tentar comprar uma casa (é outra fase!) e uma sensação de angústia lhe invadira. Não poderia ficar ali, parecia tudo negro de repente...lá fora, o astral estava ótimo mas lá dentro tinha algo de perverso. Ainda com aquelas cortinas roxas ficava pior.

Não se interessou muito pela casa, apesar dela lhe parecer pronta para morar. Foi um alívio sair dali e respirar. As casinhas sem nada estavam ótimas e iria adorar ficar numa maison simples porém acolhedora e cheia de mato em derredor...

-Mudei de idéia...acho que vou preferir um sítio...a casa pode ser mal-acabada...tudo bem...

-Volte outro  dia. Vamos ver...

A instalação dos fantasmas parecia envolver: a colocação dos ossos talvez já emacumbados (eles poderiam falar se questionados...), num caixão fechado ou não, (+) mais, talvez, a emanação de satélites/ máquinas circundando o caixão...era para a pessoa saber e saber retirar a caixa/caixão com osso de lá, com suas digitais (não era todo mundo que poderia!) e daí providenciar algo...uma missa, uma cremação, algo assim, quem sabe...

Se a pessoa chegasse perto desse não-visto em algumas vezes poderia ser jogada para longe...numa espécie de magnetismo contra.

Mas evidentemente que nada era visto e só tínhamos sensações. Diziam que a instalação sumiria inteira com chips.

Não era para se abrir para a coisa mas quem escolhe casa observa. Depois lá vinham estórias sobre cemitérios e afins.

-Vou fazer o quê? Não sei fazer nada...vamos queimar?

-Não! Vamos tirar isso!

Já tinha gente chorando. Iriam se prantear, chamar a ...rezar o corpo se fosse um corpo...

Em outra casa, o homem não queria sair mesmo!

-Se falar, não vou fazer nada.

-O necrotério tira!

Chamaram até os Caça-fantasmas...mas não sei se conseguiram retirar...

Cheguei a ouvir um apito uma vez. Toquei naquele espaço refrigerado, sentia uma espécie de raio frio. Toquei no que não vi...disseram que só derrubei.

Não sei retirar.

PetrinaDhaza, 11/12/2013 14:55:01

 

 

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