"SEMPRE QUE CHOVE
Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!"
Mario QuintanaSempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!"
Pareceu que iria chover uma daquelas chuvas arrasadoras, cruéis e revoltosas e repletas de raios e trovoadas, daqueles raios emocionantes chuvas que lavam um coração e levantam-lhe a coragem. Mas que nada! Não acontecia nada... Ficara esperando na mesa tocando piano, impaciente. Nenhuma tempestade para animar. Nenhum banho para tomar. Nenhuma promessa cumprida. Nenhum contrato chegado. Sequer qualquer telegrama. Aflição. Tomaria algo? Era seguro? Melhor seria um self-service. Melhor nem comer nada... ora, os disponíveis para o mercado de trabalho não têm escolha. Venha o que vier.
"Vamos negociar..."
"Desde que seja dentro de certas condições..."
Alguns compreendiam o que queria dizer. Outros não. Mas vale um recuo do que uma tragédia que cause calafrios. Não venderia seus bens culturais de modo algum. Mas às vezes não acreditava nessa situação. Estava imaginando. Não havia nada lá fora. O céu de chuva até passara. As nuvens negras se dissiparam.
Levantara-se sem comer nada. Apenas água mineral.
(Era bom para a dieta).
O aleatório até que às vezes lhe salvava e então em seguida resolvera jogar.
Até pensara que havia ganho. Mas que nada! Era tudo ilusão! Não deu GATO!!! Perdera a aposta e o almoço. Mas haviam lhe dito que sim, tinha acertado. Zoneou. Mas que nada! COELHO!!! Por aqui as apostas são permitidas. Não jogara escondido. Aprendeu que o importante numa competição era participar. Mas não gostava disso. Era retórica. Gostava mesmo era de ganhar.
E então não suportara a frustração. Surtara. Gritar não adiantava. Quem sabe se caminhasse...caminhara muito pouco. Ainda não se sentia bem. O ódio lhe corroia as entranhas e gostaria muito de ter o poder mental de explodir certas pessoas inconvenientes e até com instituições, prédios e edifícios...mas era pura catarse. Era pessoa pacífica. Quem sabe um filme de ação lhe melhorasse o humor...sentia que lhe ludibriavam...não se conformava...tentavam lhe convencer de sua loucura. Ao menos parecia que as vozes em sua cabeça começavam a se calar...ao menos isso. No entanto sua paciência já não mais existia. Sentia-se esgotada. E se assumia apenas como desconfiada diante de situações estranhas.
Tinha sérios motivos para se identificar como tal: como desconfiada.
Então continuaria sua batalha.
Navegar era sempre preciso - já dizia o poeta que quase se afogara.
E a virada, Senhores, teria que ser olímpica.