sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Perturbados: o feitiço da "Água manhosa"

"Minha cabeça te recomenda Saber
Minhas garras te recomendam Ousar
Meus flancos te recomendam Querer
Minhas asas te recomendam Calar-se."
(Papus in A esfinge)

Já estavam apelando...era di...era lu...
Invadiam a casa.
Continuavam a invadir. Adentravam e se iam direto para a cama, lá sentavam e ficavam...chocados...
Achavam que fosse talvez uma praça...resolviam assustar e, quando eu dormia, oravam para o di. e me ofertavam, queriam me expulsar mesmo e insistiam nisso...afirmavam ter sido a casa ofertada para o crack e para a bru.
Na minha cama, diziam que havia um altar, e que, à noite, em certa hora, um casal lá se encontrava e, com isso, eu deveria me retirar...seria portal, dava bem no altar...era vermelho agora, ao menos isso...(reclamei com a tal de Chapo, que se dizia bruxa, antes era tudo preto) mas o irritante era o tal de casal...
Então eu não dormia mais em casa?
Fui para a outra cama e lá surgiu outra história: a aranha ia chegar para dormir...ela também queria minha expulsão...ela afirmou morar embaixo da cama, como aranha mesmo, depois de certa hora, surgia como velha e costumava dormir com o corpo mesmo, de anciã, como é que agora eu estava por lá? Queria que eu saísse e havia providenciado a insônia...para aquela direção...informou que ela trabalhava...
Não satisfeitos, os abençoados foram aprender feitiço na bru. Dessa vez, tinham aprendido macumba nova...para impressionar...pegavam o papelzinho, liam, ao mesmo tempo que oleavam (óleo do rato) a parte a ser ofertada...
E eu queria dormir. Sou normal.
O óleo era sentido como uma espécie de mancha, nos pés, por exemplo. Quando devolvíamos o orado, a criatura - agora presa naquela mancha, colada - gritava como se estivesse por detrás de um espelho...gritava também em outro lugar, por detrás das grades:
-Me tira! Me tira! Não pode! Não pode!
Urravam. E iam se transtornando...
O perturbado nem sempre era retirado à força do quarto, gostavam de fazer medo e, por vezes, ficavam também em nossas costas; caíam também abaixo da cama, esgotados...
Não sei quem costumava retirá-los...
Era uma canseira!

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