sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Da onda

"La nature est un temple
Où des vivants pilliers
Laissent parfois sortir
Des confuses paroles..."
(Baudelaire)

"A onda do mar leva
A onda do mar trai
Quem vem para a beira da praia
Nunca mais quer voltar"
(Nana Caymmi)

Naquele dia eles deviam ter me colocado algum verde...não que eu gostasse disso...que que eu poderia fazer?
O quarto de repente foi se enchendo como uma piscina quadrada, de água, com fundo azul...fiquei pasma...porque... depois de a piscina ter me coberto com a sua água...tudo secou rápido e na volta, meu ouvido voltara do delírio entupido...
Depois disseram que havia sido uma onda...
Não sabiam que haviam duas histórias...
Estava sentada e, de repente, era coberta...tomada...levada...
Voltava de um tubo...
Era um sonho... eu sabia.
Estava lá e depois já estava aqui. Tudo normal.
A onda me perseguia...-diziam.
Queria falar...era uma ancestral...ela andava atrás de mim feito um cachorro coberto por uma onda...
-Deixa a onda aí no quarto...eu prefiro a onda do que a planta...exalando...
Ela era pequena, se balançava realmente como um cachorro... ele queria se refugiar...de repente, se agigantava e me engolia...
Eu? Eu gostava, ora.
Daí já haviam me jogado no mar...eu era devolvida salgada para casa. O ouvido, entupido, de novo.
As ondas falavam...eu não sabia...
A piscina falava...eu não sabia...
Mas sempre tinha isso: queriam me levar...
Fomos para uma sessão, então.
A onda conseguiu rentrar.
A piscina voltou para o seu lugar.
E o cachorro se ressuscitou.

Ps: Não consuma Verde: dá diarréia, a pessoa fica sem sangue, e faz muito mal mesmo! É veneno! Esse pessoal não nos ama...

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