Pour laisser tout pour l'église..."
(Gri)
*"Ce sont des personnes qui se vont à mourir" (Système)
"Les gens qui ne servent à rien sont pour tuer..."("Pape XV")
Somos os últimos. Os demais já são todos "renunciados". Nós estamos lá com os nossos nomes de batismo, às vezes entrecortados.
Para limpar uma empresa fomos convocados, tidos como faxineiros.
Tinha muito entulho a ser retirado. Muitos quartos invadidos...
Lá no meio havia, porém, metal precioso, que não poderia ser jogado fora, nem desprezado. Ou as portas se fechariam.
O tal de metal precioso fazia parte da engrenagem, era sempre esquecido (ainda bem, continuava lá) e não poderia ser retirado. Ou os invasores sofreriam as conseqüências e iriam acabar por entender que sem ele...não poderiam...
Ficamos empoeirados; os olhos, inchados. Não terminamos, mas limpamos bastante. Deu para enxergar algo...
Quem nos contratou não sabia?
Descobrimos. Podíamos limpar tudo. Mas o metal precioso deveria voltar.
Os outros...eram défaillis? (moribundos; estão para morrer; estão desfalecendo...)
Não...não eram herdeiros...Mas mandavam...foram tidos...foram perseguidos para morrerem...representavam intromissão em uma empresa...não...tinham contrato...não...não tinham mais contrato...se achavam sócios...
Limpávamos. Não...não era isso...terminava a limpeza de um...em seguida, o telefone tocava:
-Para quem o Sr. irá deixar sua herança?
(Ficava subentendido que essa pessoa sabia que iria morrer...)
Era algo acionado em seguida, após limpezas, retiradas...
Será que achavam assim que todos fossem golpistas? Matar por que? Não sabiam que o último NÃO?
O Último nunca podia. Nunca era ele que atendia ao telefone...nunca estava informado...
-O Sr. está numa lista...o Sr. é um "con."...o Sr. já pensou na sua morte?
-Pra isso eu tenho um representante...
...
Os invasores tinham apenas conseguido emprego como "representantes"...daí que contestassem o termo invasor...e, com o passar dos anos tinham ganhado ares tais que haviam esquecido...tanto mandavam que se esqueceram que os quartos eram alugados...não pagavam mais...era "ocupação"...esqueceram que possuíam apenas uma vaga. Só que possuíam um contrato (ainda que vencido) por isso achavam o termo incorreto. Só que esqueceram também do contrato.
Todos se achavam...
Como conseguiam entrar; mandar; tinham reconhecimentos assinados; liberar; deliberar; receber; criam profundamente que eles eram já os proprietários, também legítimos herdeiros; era algo de escondido...oculto neles mesmos, a confessar...não podiam falar nada...não eram só representantes...
O nome devia ser aquele mesmo...dava tudo certo...tinham raras lembranças...tinham quase certeza de que eram adotivos...se achavam internacionais...não sabiam ao certo a própria nacionalidade...as histórias se misturavam e...um dia se achavam árabes...no outro dia...americanos...mas se acreditavam da nobreza...um dia iriam descobrir...
A lista era sempre a mesma. A maioria havia feito acordo, tinham também conseguido subvenção e não foram considerados golpistas.
A Má tinha a todos como herdeiros, com exceção talvez dos próprios - vistos sempre com desconfiança.
Nesse sentido, o morrer seria o tué (morte matada). Eles foram naturalmente procurados para renunciar. Os bens ficariam para a Igreja; haviam concordado. Isto deveria ser visto com naturalidade: o fato de sumirem lentamente...de serem exterminados...
O acordo/renúncia para já havia acontecido, assim, no passado, com a maior parte. Descobertos agora os "últimos" da lista, esses eram importunados e procurados com a mesma naturalidade.
A maioria não entendeu nada.
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