
"Páre. Isso é humano"
(Pela mão de Alice,
Boaventura de Sousa Santos)
Naquele dia, seu espírito não encontrara sossego. Tinha a sensação de que a qualquer momento voaria, mas não podia: não era chegado o momento. Então foi ao lugar certo, nas últimas horas que lhe cabiam de vida. Um portal: cuidou-se e fora cuidada. Fora também raptada e salva no mesmo dia, inexplicavelmente. Nem sabe como isso se deu.
Um coração então, na boca da noite, bateu entre seus dedos. Livrou-se das maldições. Quando já havia partido, leve, a Senhora fora lhe buscar - nas estrelas - com ordens superiores. Afirmou que era hora de voltar, impreterivelmente, naquele minuto. Sussurrou em seus ouvidos a palavra mágica. Ela voltou a respirar e seu coração voltou a bater. Aterrisou em seu próprio corpo incólume que estava lá, estendido no chão sagrado.
Os dias se passaram e as noites. Informações confidenciais em relatórios internacionais nada relataram sobre o ocorrido; seu corpo recusava qualquer invasor e tudo era queimado. Era vista apenas como uma espécie de conjunto constituído de cabeça, corpo e membros, em que a espionagem não tinha limites, como satélites: curiosidade obscena, irritante.
A invasão de privacidade já não conhecia fronteiras. Tomara todos os limites sagrados do próprio corpo. Como se o sagrado estivesse contido na matéria e na matéria em si se dissolvesse. O homem é sim capaz de ir além do que é; escavando suas próprias possibilidades a partir do próprio umbigo. No entanto, toda porta tem seu porteiro e somos mais do que uma montanha de carne e de ossos.
Não devia haver nada lá fora. Mas há o infinito. E outra coisa além. E outra coisa ainda.
(Pela mão de Alice,
Boaventura de Sousa Santos)
Naquele dia, seu espírito não encontrara sossego. Tinha a sensação de que a qualquer momento voaria, mas não podia: não era chegado o momento. Então foi ao lugar certo, nas últimas horas que lhe cabiam de vida. Um portal: cuidou-se e fora cuidada. Fora também raptada e salva no mesmo dia, inexplicavelmente. Nem sabe como isso se deu.
Um coração então, na boca da noite, bateu entre seus dedos. Livrou-se das maldições. Quando já havia partido, leve, a Senhora fora lhe buscar - nas estrelas - com ordens superiores. Afirmou que era hora de voltar, impreterivelmente, naquele minuto. Sussurrou em seus ouvidos a palavra mágica. Ela voltou a respirar e seu coração voltou a bater. Aterrisou em seu próprio corpo incólume que estava lá, estendido no chão sagrado.
Os dias se passaram e as noites. Informações confidenciais em relatórios internacionais nada relataram sobre o ocorrido; seu corpo recusava qualquer invasor e tudo era queimado. Era vista apenas como uma espécie de conjunto constituído de cabeça, corpo e membros, em que a espionagem não tinha limites, como satélites: curiosidade obscena, irritante.
A invasão de privacidade já não conhecia fronteiras. Tomara todos os limites sagrados do próprio corpo. Como se o sagrado estivesse contido na matéria e na matéria em si se dissolvesse. O homem é sim capaz de ir além do que é; escavando suas próprias possibilidades a partir do próprio umbigo. No entanto, toda porta tem seu porteiro e somos mais do que uma montanha de carne e de ossos.
Não devia haver nada lá fora. Mas há o infinito. E outra coisa além. E outra coisa ainda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário