
Caminhava com dificuldades, mas viera contar:
Tratou-se de um convite. Diante da hecatombe era inevitável que fosse feita uma convocação extraordinária. Tragédias sucessivas aconteciam ao mesmo tempo. Suicídios inevitáveis eram enviados pela bestialidade humana. Desejo de poder, de posses e de prestígio. A intervenção divina era necessária. Fora chamada pelos Sete Senhores que governam a humanidade. Faria algo impossível em que muitos haviam naufragado. O Sumo Sacerdote lhe apoiaria também.
Era tudo o que mais gostava: um desafio. Unia para isso Conhecimento, Sabedoria, Força, Intuição e talentos inconscientes e o que é melhor: insuspeitos. Ninguém dava nada por ela. Também tinha uma coragem de leão. É claro que não iria sozinha: altas viagens necessitam de altos apoios...
Durante a Missão, viajou e deu muitas voltas. Seus inimigos não a alcançaram. Lutava e dançava. Quando não; entoava cânticos antigos que eram recuperados pela memória ancestral; mantras sagrados; era de muitas línguas e várias nações. Outrora fora espadachim da China, dançarina de Odissi, praticara Tai-Chi, admirara a pajelança amazônica, conjugava ainda o Candomblé da nação Ketu, os Salmos e provérbios, a moralidade judaica, a leveza budista, a Cabalah, o ritual católico da missa, o Rosacrucianismo - não importava: isso tudo vinha de uma única Fonte Original. Não discriminava nenhuma religião nem filosofia, mas não gostava de proselitismos nem de desrespeitos.
Enquanto isso, seus oponentes não tinham limites. Clones queriam aparentar-se a ela. A garota que, no sonho, conseguira voar tão alto quanto ela gostaria de limpar seu passado negro. Com isso se livraria da prisão já anunciada e com várias batidas de martelo daqui e de alhures. Fez de tudo para que a Guardiã ocupasse o seu lugar. Seus cúmplices também colaboravam para que o mal que ela plantava sobre a Terra se difundisse: abriam crateras na atmosfera e frestas absurdas que nos levariam ao Fim precocemente. Abusavam do roubo de um segredo.
Quem era contra a corrupção era torturado (daquele jeito que já mencionamos anteriormente). E esse mal ainda continuava. Seis meses já era muito para um julgamento desumano e absurdo, com práticas ditatoriais. E nenhuma conclusão: no tribunal faziam sempre as mesmas perguntas. Talvez estivessem enfeitiçados...
Quiseram caluniá-la, difamá-la, destruí-la, satanizaram sua imagem; mas ninguém ocupa o lugar de ninguém, ainda mais quando não há vocação para que, por exemplo, uma pessoa que vibra em outra frequência, decaía até à altura dos vermes.
(Há sempre diferentes níveis de evolução e a dança cósmica da evolução assim se realiza).
Ora, a mesma serpente que pica e envenena pode nos proporcionar a cura. Tudo tem suas faces. Não alteremos o equilíbrio ecológico. Não sabia se era válido exterminar serpentes...quem comeria os ratos?
Então tais vermes se deliciavam proporcionando torturas inimagináveis às pessoas honestas daquela aldeia. Estavam alterando o Equilíbrio, e tal era proibido. Seriam rechaçados. Nem sabe se triunfou na missão.
Ventos responderiam por ela. Gritou. Esperava novamente pelo Socorro. Fora atacada enquanto repousava tranquilamente sob uma árvore. Fazia tarde fresca e agradável. Colocaram-lhe uma espécie de anel que lhe causava desconforto. Deve ter sido reação à realização da Missão. Exus revoltados. Deviam se conformar: em território sagrado só entra quem for geômetra. Teriam que aceitar a Lei do Hermetismo, que estava sendo esquecida. Não podiam passar: isso era tudo. Estavam bloqueados porque não comungavam dos mesmos valores, nem consideravam nada como sagrado. Queria o desencanto, a desesperança e o desalento.
Eram as pedras pretas do tabuleiro...
Nada mais posso contar. Faz noite alta na aldeia. Je m'en vais.
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