"Deus é paciência."
(Guimarães Rosa)
Rostos cínicos acham graça de sua ousadia. Para eles, seria questão de horas que ela lhes revelasse uma pretensa máscara escondida.
Ledo engano. Não há nenhum esconderijo. Esconde-se sob a luz do Sol do meio-dia.
Esperarão em um ponto qualquer de uma cidade do interior, inutilmente, porque ela nunca marca encontros. A arapuca está armada. Não há saída: os insensatos devem fugir. São fracos e isso o vento leva. Bastava que nunca tivessem lhe imposto um bloqueio, (porque ela é do tipo que sempre reage a assaltos) e não teriam sofrido nenhum retorno. O futuro deles será em preto e branco com uma camisa listrada.
(É contra o suicídio, acha mais bonito o xadrez mesmo. Porque o xadrez sempre volta à moda)
Nem precisa revelar que a Lei existe. Isso é tão óbvio... E não aceita que "as leis existem para não serem cumpridas" - como ouvira, certa vez, de uma adolescente sem regras.
Aguardemos ouvindo o noticiário.
Sobre ontem: não dormiu. A irritação aumentou-lhe por conta do calor. Não teve socorro imediato. Por isso parou, sentou-se e pensou que logo alguém recuperaria toda sua memória e cumpriria com seus juramentos. Nunca perdia a esperança. E não havia nada de novo. Apenas esperava.
Percebia que havia rostos muito ambíguos, que refletiam a amargura de uma vida mal vivida. Outros desfaleciam no asfalto quente todas suas certezas: teriam que rever antigas posições. Efeito-borboleta dos desmascaramentos ocorridos. Confusão de identidades.
Era olhada às vezes de relance. A loucura envolvia sempre essas pessoas e andava à espreita planejando armadilhas. Era preciso estar sempre vigilante. Mas nem sempre conseguia.
Hoje mesmo faz muito verão na Amazônia. A temperatura lhe dá uma certa sensação de desabrigo. Há um certo mal-estar. Mas luta, contudo - com todas suas convicções sem preço. Atenta, percebe não mais precisar revelar a mesma ocorrência: aquela mesma espécie de incômoda formiga colocada. Teria sido uma cigarra?
Talvez amanhã isso tudo se transforme. E, com sorte, sorria.
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