
"Não sou agricultor.
Desconheço a semente."
(Bezerra da Silva)
Desconheço a semente."
(Bezerra da Silva)
A política invasiva continuava: sentia-se grampeada, como se uma formiga lhe fosse colocada nas entranhas. Ela pulsava em suas entradas, depois subia; tinha-se a impressão de que passeava e depois caía. Tinha-se também a impressão de que ela ia num crescendo, crescENDO, CRESCENDO...CRESCENDO. Efeito de balão. O balão inchava. Até parecia que iria explodir. Quando chegava ao máximo desse inchaço, o "balão" começava a se esvaziar.
(Era ilusão. Estava louca. Rasgava dinheiro. Recusava propostas obscenas...).
Ficava com ódio, pois mal conseguia andar. O "troço" pulsava e incomodava. O efeito psicológico disso era devastador: destruía toda sua confiança na humanidade.
Queria expulsar "a coisa" e ia repetidamente ao banheiro. Tinha vontade de gritar. Ficava nervosa. Tornava a dizer que não autorizava nenhuma experiência científica em seu corpo.
(Se era por isso o terrorismo)
Naquela noite, o moreno que resolvera lhe conhecer aparecera com um súdito. Esse lhe tratava com toda parcimônia. Já vira esse homem uma vez, lhe seguindo na rua. Morava em Campinas. Estava deprimida naquela época e saía do médico. Era sujeito corpulento, forte, parecia ser alto, cabeludo; sem preconceitos, desculpe: mas tenho que dizer que ele parecia um árabe. Não o conhecia. Alguma autoridade ele deveria ter para ser tratado como se fosse o rei do Universo (ou o Rei das sementes...)
Confidenciou para o escravo que essa não era a sua mulher desaparecida. A preferida. A que ele contemplava naquele momento era gorda.
Depois dessa misteriosa visita, a "formiga" lhe havia sido aplicada. Que lástima! No outro dia, o mal humor era inevitável.
Não suportava mais essa situação. Queria mais respeito pelo seu corpo. Nunca tivera graves problemas de saúde e agora corria o risco até de ficar estéril por conta do capricho de seres desconhecidos e das inúmeras invasões em sua casa.
Nessa mesma noite, sentiu o perigo rondando. Nem queria dormir. Assistiu ao início do Programa do Jô. Resistiu ao chamado do sono o quanto pode. Mas era impossível ficar por muito tempo vigilante. Se essa visita se tornou mais um pesadelo evanescente mais tarde, nunca se sabe com certeza. Ficou como lembrança a péssima sensação de que havia sido grampeada.
Além disso, seus cabelos também sofreram vários atentados: que pessoa má seria essa que desejava destruir seus cabelos cacheados e naturais? Era simplesmente o terceiro conjunto de shampoo e condicionador que eram sabotados nesse período! A sensação era a de que neles eram colocados amoníaco e/ou pimenta, não se sabe. Só poderia dizer sobre o terrível ardor que restava após a aplicação. Esse último shampoo não tinha problema algum, o usara por uns três dias. Então sabia que não era um problema da fórmula, nem era alérgica a nenhum componente. Depois da misteriosa sabotagem não se arriscaria a experimentá-los. Não queria ter que correr novamente até o tanque mais próximo para aliviar a sensação de ardor que ficava no couro cabeludo.
Tinha que ir embora, sem dúvida. Mas talvez fosse isso que seus algozes quisessem: desocupar o lugar; colocar um clone lá. Não poderia partir: faltava verba. Preocupava-se com a família. E não achava justo abandonar a sua cidade para esse tipo de gente.
Acreditava que melhor seria ficar e lutar para que os incomodados se mudassem. Ora, o Estado precisa de pessoas qualificadas. E Belém do Pará sempre foi lugar muito aprazível e cidade cheia de memórias, que lhe faziam feliz quando revisitadas.
Por outro lado, não gostaria de se tornar mais uma espécie de herói, uma celebridade que se tornaria conhecida pelo mundo, via imprensa, somente após o sacrifício final.
Enfim, eram tragicidades cotidianas, que nunca tinham provas concretas.
Sofria de sonhos recorrentes...
(Era ilusão. Estava louca. Rasgava dinheiro. Recusava propostas obscenas...).
Ficava com ódio, pois mal conseguia andar. O "troço" pulsava e incomodava. O efeito psicológico disso era devastador: destruía toda sua confiança na humanidade.
Queria expulsar "a coisa" e ia repetidamente ao banheiro. Tinha vontade de gritar. Ficava nervosa. Tornava a dizer que não autorizava nenhuma experiência científica em seu corpo.
(Se era por isso o terrorismo)
Naquela noite, o moreno que resolvera lhe conhecer aparecera com um súdito. Esse lhe tratava com toda parcimônia. Já vira esse homem uma vez, lhe seguindo na rua. Morava em Campinas. Estava deprimida naquela época e saía do médico. Era sujeito corpulento, forte, parecia ser alto, cabeludo; sem preconceitos, desculpe: mas tenho que dizer que ele parecia um árabe. Não o conhecia. Alguma autoridade ele deveria ter para ser tratado como se fosse o rei do Universo (ou o Rei das sementes...)
Confidenciou para o escravo que essa não era a sua mulher desaparecida. A preferida. A que ele contemplava naquele momento era gorda.
Depois dessa misteriosa visita, a "formiga" lhe havia sido aplicada. Que lástima! No outro dia, o mal humor era inevitável.
Não suportava mais essa situação. Queria mais respeito pelo seu corpo. Nunca tivera graves problemas de saúde e agora corria o risco até de ficar estéril por conta do capricho de seres desconhecidos e das inúmeras invasões em sua casa.
Nessa mesma noite, sentiu o perigo rondando. Nem queria dormir. Assistiu ao início do Programa do Jô. Resistiu ao chamado do sono o quanto pode. Mas era impossível ficar por muito tempo vigilante. Se essa visita se tornou mais um pesadelo evanescente mais tarde, nunca se sabe com certeza. Ficou como lembrança a péssima sensação de que havia sido grampeada.
Além disso, seus cabelos também sofreram vários atentados: que pessoa má seria essa que desejava destruir seus cabelos cacheados e naturais? Era simplesmente o terceiro conjunto de shampoo e condicionador que eram sabotados nesse período! A sensação era a de que neles eram colocados amoníaco e/ou pimenta, não se sabe. Só poderia dizer sobre o terrível ardor que restava após a aplicação. Esse último shampoo não tinha problema algum, o usara por uns três dias. Então sabia que não era um problema da fórmula, nem era alérgica a nenhum componente. Depois da misteriosa sabotagem não se arriscaria a experimentá-los. Não queria ter que correr novamente até o tanque mais próximo para aliviar a sensação de ardor que ficava no couro cabeludo.
Tinha que ir embora, sem dúvida. Mas talvez fosse isso que seus algozes quisessem: desocupar o lugar; colocar um clone lá. Não poderia partir: faltava verba. Preocupava-se com a família. E não achava justo abandonar a sua cidade para esse tipo de gente.
Acreditava que melhor seria ficar e lutar para que os incomodados se mudassem. Ora, o Estado precisa de pessoas qualificadas. E Belém do Pará sempre foi lugar muito aprazível e cidade cheia de memórias, que lhe faziam feliz quando revisitadas.
Por outro lado, não gostaria de se tornar mais uma espécie de herói, uma celebridade que se tornaria conhecida pelo mundo, via imprensa, somente após o sacrifício final.
Enfim, eram tragicidades cotidianas, que nunca tinham provas concretas.
Sofria de sonhos recorrentes...
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