"Neófito, não há morte."
(Fernando Pessoa)
Os fantasmas resolveram achar que todos somos iguais.
Morrendo, iríamos para a mesma cova. Nos tratavam já como “almas”. Alguns haviam já se aproveitado, doado nossos
órgãos e vendido nossa arcada dentária. No outro dia nos entrevistavam para
terem certeza, conforme a lei. Fomos tidos como “condenados”...sem nenhuma
causa aparente.
-Não dôo nada para ninguém. Não dôo órgão nenhum e podem
esquecer dos meus dentes!
-Não tem deserção?
-Nunca!
-Não renuncia?
-Nunca!
-Não se coaduna?
-Nunca!
-E se eu lhe comprar?
-Não tem dinheiro que pague...
Não sei se a mulher fingiu escutar outra coisa.
Com isso, tentavam já arrancar nossos dentes. Alguns entravam
em nossas casas, nos invadiam e ficavam enfileirados nas paredes, à espera que
alguém dormisse. A pessoa tomava realmente um susto com aquele cadáver pulando
sobre ela, tentando lhe beijar...estava vestido de padre, com o rosto
carcomido, mas contou outro dia que estava procurando uma puta para
transar...mas seria o mesmo?
Tinha outra instalação que jogava o pessoal em portas (não
gostei!) além das paredes. O pessoal das paredes abria os braços e lá
ficavam...sorriam também...vai ver que eram falsos...
-Essa aí já é alma faz tempo...(comentou uma puta
indecorosa).
-A gente acha que é por isso que ela vê...
Não era nada disso, achava. Era um comando na.
-Eu não quero mais ver esse horroroso, eu não gosto de
cemitérios...se engraçou com a minha cara...eles são da id. e acham que vão
levar a gente...
-Não deu nada certo a macumba desse velho...ele fez de tudo e
agora é ele que é despossuído!!!
-Eu vou lhe queimar!!! - Gritou.
-Quem mexe com Xó. é
queimado!
Achávamos que as criaturas saíssem das paredes. De repente,
um braço nos dava uma cana, por trás, e
já estávamos seqüestrados. Por fantasmas. Ou será que era de novo o controle
remoto?
Parece que chamavam e que passávamos surtados por portas,
conduzidas por padres, parece que o surto queria falar. Mas era algo do
inferno. Ela era uma cocaína. Passávamos com o corpo e tudo. Parece que ela
tentava “acordar” e nada reussia...
(Até que lhe jogaram no SPC por não-pagamento de cocaína!)
Outro seqüestro estranho era essa da jogada. De repente, já
estava afogada. Mas estava almoçando... Via a grande onda lhe cobrindo mas estava
apenas sentada...e, ainda em casa, estava já com os ouvidos entupidos e com os
cabelos ensopados. Mistério...com água de outra época...
Lhe seqüestravam mesmo. Saía na hora do almoço, ou do jantar,
durante a refeição! Após um caldo quente. Maus
tratos lhe afogava num tanque ou lhe jogavam em águas paradas ou em ondas
de outras épocas. Ele lhe tocava e ruminava lá a imprecação suja deles...já
estava em casa de volta, cabelos ensebados, iria terminar a refeição, a carne também
ensebou-se, maus tratos só de chegar
perto ela já estava mal...ficavam lhe ofertando...jamais pedira aquilo.
Como finalizaria o contrato de tratamento dos cabelos no
horário do almoço e/ou do jantar? Aonde estava isso? Seu banho era suficiente.
Ninguém precisa se banhar com saliva, sebo, e/ou mesmo se banhar (jogada de
óvulos nas partes, deus me livre)...
Vocês não prestam...
Por que tem que ser na
hora do feijão?!
O ataque de poeira: acharam muito bom aquele ataque de onda e
resolveram lhe jogar na poeira. Em minutos, era deslocada. Na volta já estava
toda coceirenta, tinha sido jogada numa rua de piçarra, só poeira. O rosto era
só ácaro.
Os ossos na cabeça como uma espécie de coroa já era outra
coisa: queriam se casar...e ele iria
chegar.
Falava para os ossos:
“Está recusado!”
Sua cama também era subitamente deslocada, ganhara umas
assombrações em ossos africanos, uma
tarântula numa das extremidades e ficava tudo muito empoeirado. Não conseguia
mais dormir.
A Tarânt. não era
ela. Como iria se livrar daquilo?
-Não...eu não sou sua mãe...recusei golagem...
-Casar? Eu nem lhe conheço! Não fui eu...que fiquei...é
certeza!!!
Nas iniciações era sempre tudo igual, esquematizado. Ouvira
falar que caíra em teias. Que treinara, etc. Mas não era por isso que iria se
transformar...sempre tinha um templo, espécie de espaço, dava-se uns passos e lá no canto esquerdo parava-se
para realizar o gesto característico daquele totem, sempre relacionado a tal
animal.
(Era descida!)
Depois se tinha que transar com um deles, com alguém tido como um sapo,
por exemplo, ou tido como tarant. Ou
tido como... etc. dentro daquele ritual...
-Parabéns! Agora o Sr. é um
de nós!!!
(Só sabia disso...continuava gente mesmo...)
Se um negro, se um loiro, se um macaco, se um chimpanzé...na
outra vida voltaríamos como aquele totem cultuado.
-Tu transaste...tudo certinho...agora...na outra vida...tu
vais voltar como negra...(disse à mulher, após o ato.)
Se era ritualístico, recusava. Se doou, já era.
Não estava fazendo.
PetrinaDhaza, 18/12/2013 às 15:17 e agora. 20:09.
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