
Espadas
Caminho em ruas desérticas e sem asfalto. Percebo vários buracos. Em torno deles os passantes passam. Nas esquinas, os cães ladram mesmo sem qualquer barulho. Olhos se perdem, desertam e desistem... e vários já partiram. Vejo e olho as fendas no solo cinza. Há escrituras de histórias às vezes apenas iniciadas.
Noto o abandono das lutas pessoais desprezadas, esquecidas, quase travadas e inconclusas.
Muitos já esqueceram até de seus próprios nomes.
Há espadas. Há espadas sempre nesse caminho, de madeira, de latão, de ouro, jogadas fora, abandonadas...
Mas eram as espadas de cada um, e cada um tinha a sua, diferente, de história diferente, de enredo e de obstáculos diferentes. Há luz e sol para todos.
A cada um o seu lugar - é o que digo sempre.
Ocupar o lugar de outro pode ferir a própria alma: ela tem seu próprio enredo e cor.
Lamento muito os enredos des-tecidos.
Abandonaram seus sonhos. As conquistas que teriam. As alegrias de conseguir realizar cada sonho.
Lamento muito os enredos des-tecidos.
Abandonaram seus sonhos. As conquistas que teriam. As alegrias de conseguir realizar cada sonho.
E foram vagar pela vida...como zumbis no asfalto.
Ser mais um.
Chamados tinham sido. E poderiam ter contribuído para a obra. Mas acharam que se tratava de uma busca sem sentido e que era tudo desvario.
Ser mais um.
Chamados tinham sido. E poderiam ter contribuído para a obra. Mas acharam que se tratava de uma busca sem sentido e que era tudo desvario.
Partiram.
Então me encontro só e ainda acredito e ainda aposto em todos os meus calafrios, desatinos e sussurros astrais.
E ainda pergunto para eles: "posso pegar? vocês jogaram fora!" - Só por provocação (porque jamais eu pegaria o que não me pertence) e já nem me respondem... não há mais força. Não há sequer vontade de dar qualquer justificativa. Fico admirando a beleza das espadas, tudo aquilo - mesmo num deserto - tem beleza.
Então me encontro só e ainda acredito e ainda aposto em todos os meus calafrios, desatinos e sussurros astrais.
E ainda pergunto para eles: "posso pegar? vocês jogaram fora!" - Só por provocação (porque jamais eu pegaria o que não me pertence) e já nem me respondem... não há mais força. Não há sequer vontade de dar qualquer justificativa. Fico admirando a beleza das espadas, tudo aquilo - mesmo num deserto - tem beleza.
E com a minha vou seguindo minha estrada. Em solitude.
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